- A Escritura
nos ensina que, de modo global, são três os meios, que nos comunicam a vida do
Espírito de Deus: a Graça Sacramental, a Oração fervorosa e a Convivência
fraterna. Embora sendo cada uma dessas realidades distintas em si mesmas,
funcionam conjuntamente, são, pois, interdependentes.
Nos sacramentos o Senhor, por mediação da Igreja,
nos assegura a Graça de Deus segundo a natureza e o fim de cada um. Se alguém
recebe a sagrada confissão, deve saber e crer que a graça recebida consiste na
absolvição dos seus pecados, a qual lhe reconcilia com o Senhor, consigo mesmo
e com os irmãos.Obviamente, na confissão não se busca, ao menos em primeira
instância, a graça de viver o amor de Cristo conjugalmente, esta advém pelo
Sacramento do matrimônio e assim sucessivamente.
No entanto, uma coisa é certa: não se pode viver a
graça comunicada pelos sacramentos se não se busca uma fervorosa vida de
oração. E essa oração será estéril e inóqua se não conduzir ao amor fraterno; à
construção do Reino entre nós. Toda vocação cristã,seja ela qual for,tem por
escopo esta realidade. Daí não poder se realizar vocacionalmente quem não
procura crescer nesses três meios da vida espiritual.
O Pai Nosso, modelo sublime de toda oração cristã e tantas vezes recitado por
nós, nos ensina claramente esta verdade: voltar-se constantemente a Deus que é
Amor, para gerar comunhão, solidariedade, perdão… Entre nós.
E não podemos falar de reconciliação, acolhimento e
amor, sem, lembrar que, sobretudo para nós latino-americanos, os primeiros a
serem considerados nossos irmãos são os pobres. Estes constituem uma categoria
toda especial para crescermos espiritualmente, no seguimento de Jesus Cristo.
Pois nossa opção por eles deve ser feita não por motivos sociológicos e
ideológicos, estes são secundários e relativos, mas numa dimensão propriamente
religiosa: neles se encontram o centro dos valores do Reino; eles são um
“sacramento” de Jesus Cristo. Estamos suficientemente vivendo segundo o
Espírito de Cristo quando não só acolhemos os pobres, como verdadeiros irmãos,
mas, sobretudo quando nos tornamos pobres com eles. Os pobres são sujeitos da
espiritualidade cristã e não objeto dela.
1. Para permanecer pleno do Espírito Santo
Não basta receber o Espírito Santo, é preciso que o tenhamos, totalmente, de
forma completa, e mais necessário ainda (e por vezes difícil) é permanecer
prenhe de sua Graça. Objetivamente o Senhor é quem nos concede o seu Espírito,
mas a nível subjetivo vai depender de nós a sua constante presença,
principalmente em se tratando de uma presença plena. O Apóstolo Paulo diz ao
seu discípulo Timóteo: “te recomendo de reavivar o Dom de Deus que recebeste
pela imposição de minhas mãos’’ (2Tm 1,6).Esta exortação nos deixa claro que a
recepção do Espírito, pelo qual nos advém todos os dons divinos, é Graça mas
também conquista.
Nesta perspectiva, é importante ter conhecimento e aplicar em nossas vidas
alguns critérios propostos pela Escritura para a perseverança na plenitude do
Espírito. Vejamo-lhes em síntese:
Avaliação Pessoal: o termo forte é “examinar-se a si mesmo”.Evitar a pretensão
de que está sempre em estado de graça,não precisa de reflexão e análise ou
tomar cuidado para que o pragmatismo,tão característico de nosso tempo,não nos
permita fazer de vez em quando uma parada,para reavaliar nossas atitudes.Aqui
vale dizer que também a nível psicológico,quando damos um significado
religioso,isto é,não apenas técnico, aos métodos terapêuticos,podemos sentir
através destes a Ação divina.
ARREPENDIMENTO E CONFISSÃO: ser capaz de reconhecer
as faltas, os erros e pecados, colocando-se com compunção diante de Deus,
agrada mais ao senhor do que um tremendo e orgulhoso esforço de perfeccionismo.
SUBMISSÃO
COMPLETA A DEUS: a vida da Graça, a morte ao pecado, não
acontece pelas nossas forças humanas, mas quando nos rendemos totalmente ao
Senhor,despojando-nos inclusive de nossas estratégias meramente humanas. Viver
não sob a lei, mas sob a Graça. Eis a verdadeira vida espiritual.
INSISTIR
EM PEDIR O ESPÍRITO SANTO: faz parte da pedagogia divina a exigência de
que o crente expresse sua necessidade diante do Senhor. Não basta pensar que
Deus conhece nossas necessidades, sim Ele as conhece, mas quer que nós tenhamos
a humildade de dizê-lo. Segundo Lucas 11,11-13, Jesus deixa claro que se tivermos
o Espírito Santo, teremos tudo que precisamos. Porém, outra coisa que
precisamos recordar sempre é o fato de que também faz parte da ação pedagógica
do Senhor, a oração perseverante, a insistência e a persistência.