quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

SÓ QUEM AMA CONHECE



A técnica sem o amor e o respeito à vida torna-se desumana

Por Antonio Gaspari
ROMA, terça-feira, 11 dezembro de 2012 (ZENIT.org) - "Só quem ama conhece”, por este motivo “ninguém como as mães para terem um conhecimento verdadeiro e autêntico dos próprios filhos”. Assim Roberto Colombo, diretor do Centro de Estudo de doenças hereditárias e raras de Milão, durante a manifestação para a entrega do prêmio europeu pela Vida às mães da Europa, que aconteceu ontem no Capitólio em Roma, explicou “porque o feto é um de nós”.

De acordo com o prof. Colombo é evidente que o nascituro é o início da vida de todo homem e de toda mulher, assim como cada um de nós já foi um nascituro, mas a lógica tão óbvia parece não ser suficiente para a cultura do mundo moderno.

Disse o prof. Colombo que quando era ainda jovem estudante perguntou ao prof. Jérôme Lejeune o motivo de estudar para se tornar um geneticista, e o eminente professor respondeu “é o trabalho mais bonito do mundo porque permite conhecer, amar e servir a vida humana”. Conhecer, amar e servir a vida, um programa que está levando Lejeune aos altares.

O verdadeiro progresso da ciência, acrescentou o prof. Pino Noia, ginecologista e vice-presidente da Quercia Millenaria, é o de passar de uma informação genética a um sábio conhecimento. O prof. Noia explicou os imensos progressos da ciência e da técnica pré-natal, revelou dados e explicou práticas que estão salvando a vida de milhares de crianças. Demonstrou que com amor e sabedoria é possível salvar milhares de vidas humanas, mas também salientou como a cultura da separação está multiplicando as vítimas, com milhões de abortos voluntários, crianças de proveta e tentações selvagens de produzir em laboratório meninos e meninas eliminando funções e o amor dos pais.

Noia observou que “não temos medo da ciência mas temos medo de como ela é usada” e neste contexto explicou o seu envolvimento com La Quercia Millenaria, da qual é o vice-presidente. AQuercia Millenaria é a única associação na Itália que propõe a assistência à gravidez com todo tipo de deformações fetais, propondo a cura no útero onde é possível, ou também o acompanhamento da criança considerada “incompatível com a vida”. É reconhecido internacionalmente como o único Hospital Pré-natal italiano, e desenvolve um serviço regular voluntário de cuidados Pré-natal dentro do Gemelli.

“Nós acreditamos – concluiu Noia – que o seu filho não é um acidente. Acreditamos, porque o vivemos isso na nossa pele, que vocês são escolhidos como pais de uma criatura muito especial. Nos esforçamos para não deixar você sozinho...”
(Trad. TS)

Bento XVI: o advento recorda que Deus não nos abandona




VATICANO, 12 Dez. 12 / 03:02 pm (ACI/EWTN Noticias).- O Papa Bento XVIassinalou hoje que o Advento, tempo de preparação para o Natal, recorda a todos "que Deus não se retirou do mundo, não está ausente, não nos abandonou a nós mesmos". 



Em sua habitual catequese da audiência semanal diante de milhares de fiéis na Sala Paulo VI no Vaticano, o Santo Padre fez uma reflexão sobre as etapas da Revelação de Deus narradas nas Sagradas Escrituras, na Bíblia.




O Papa disse que o Advento, para os cristãos, "indica uma realidade maravilhosa e perturbadora: o próprio Deus cruzou seu Céu e se inclinou sobre o homem; estabeleceu aliança com ele entrando na história de um povo".




"Ele é o rei que caiu nesta pobre província que é a terra e doou a nós sua visita assumindo a nossa carne, tornando-se homem como nós. O Advento nos convida a traçar o caminho desta presença e nos recorda sempre novamente que Deus não se retirou do mundo, não está ausente, não nos abandonou a nós mesmos, mas vem ao nosso encontro de diversos modos, que devemos aprender a discernir".




O Santo Padre afirmou ainda que " também nós com a nossa fé, a nossa esperança e a nossa caridade, somos chamados todos os dias a decifrar e testemunhar esta presença no mundo frequentemente superficial e distraído, e a fazer brilhar na nossa vida a luz que iluminou a gruta de Belém ".


Bento XVI recordou que "em Jesus de Nazaré Deus manifesta a sua face e pede a decisão do homem de reconhecê-Lo e de segui-Lo. O revelar-se na história para entrar em relação de diálogo de amor com o homem, doa um novo sentido a todo o caminho humano. A história não é uma simples sucessão de séculos, de anos, de dias, mas é o tempo de uma presença que doa pleno significado e a abre a uma sólida esperança ".



" Onde podemos ler as etapas desta Revelação de Deus? A Sagrada Escritura é o lugar privilegiado para descobrir os eventos deste caminho, e gostaria – mais uma vez – de convidar todos, neste Ano da Fé, a tomar mais em mãos a própria Bíblia para lê-la e meditá-la e a prestar mais atenção às Leituras daMissa dominical; tudo isso constitui um alimento precioso para a nossa fé", disse Bento XVI.




O Papa se referiu logo a algumas passagens do Antigo Testamento nas que Deus intervém na história do povo de Israel, e uma específica em que Moisés pede ao povo que não esqueça as coisas que o Senhor "fez conosco".




"Também o canto do Magnificat que a Virgem Maria eleva a Deus, é um grande exemplo desta história de salvação, desta memória que tem presente o obrar de Deus. Maria exalta o obrar misericordioso de Deus no caminho concreto de seu povo, a fidelidade às promessas da aliança feitas ao Abraham e sua descendência; e tudo isto é memória viva da presença divina que nunca falha".




Logo depois de recordar a história de Israel que se liberta da escravidão do Egito por obra de Deus, o Papa ressaltou que "a celebração deste acontecimento é um torná-lo presente e atual, porque a obra de Deus não falha. Ele tem fé em seu desígnio de libertação e continua a persegui-lo, a fim de que o homem possa reconhecer e servir o seu Senhor e responder com fé e amor à sua ação".

"Deus também revela a Si próprio não somente no ato primordial da criação, mas entrando na nossa história, na história de um pequeno povo que não era nem o mais numeroso, nem o mais forte. E esta Revelação de Deus, que segue na história, culmina em Jesus Cristo: Deus, o Logos, a Palavra criadora que é a origem do mundo, encarnou-se em Jesus e mostrou a verdadeira face de Deus. Em Jesus se cumpre cada promessa, Nele culmina a história de Deus com a humanidade”. 




O Papa explicou que estas etapas da Revelação também estão explicadas noCatecismo da Igreja Católica, aonde se pode ver que "Deus convidou o homem desde o início a uma íntima comunhão consigo e mesmo quando o homem, pela própria desobediência, perdeu a sua amizade, Deus não o abandonou em poder da morte, mas ofereceu muitas vezes aos homens a sua aliança".




O Santo Padre assinalou que com esta catequese quis "mostrar as etapas deste grande desígnio de amor testemunhado no Antigo e no Novo Testamento: um único desígnio de salvação dirigido a toda a humanidade, progressivamente revelado e realizado pelo poder de Deus, onde Deus sempre reage às respostas do homem e encontra novos inícios de aliança quando o homem se perde. Isto é fundamental no caminho de fé".


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A Imaculada Conceição




Alegra-te, ó Toda Cumulada Pela Graça

O tempo do Advento tem, sem dúvida alguma, um sabor mariano. É com a Virgem que melhor aprendemos como esperar o Sol que nasce da Aurora, o Cristo, nosso Deus! Por isso, é muito conveniente celebrar a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, a Virgem.

O que a Igreja crê e celebra neste mistério? A Escritura Santa nos ensina que a humanidade fora criada por Deus para a comunhão com Ele, para ser feliz convivendo com Ele, construindo a vida e o mundo. Mas, infelizmente, desde o início da história humana e até hoje, nossa raça foi dizendo “não” ao sonho de Deus. Quisemos e queremos ainda ser como deuses, conhecedores do bem e do mal (cf. Gn 3,4s); queremos viver a vida de modo autônomo, como se a existência fosse nossa e não um dom recebido do Senhor. Se não dizemos, pensamos muitas vezes: "A vida é minha; faço dela o que eu quero! O resultado dessa atitude tem sido trágico: tornamo-nos uma humanidade ferida, esfacelada num mundo também ferido e esfacelado.

Somos todos presa de um enorme fechamento para Deus, uma desconfiança n'Ele, uma tendência a não percebê-Lo. Por isso somos profundamente desequilibrados no nosso modo de nos ver, de ver a vida, de nos relacionar com os outros e com o mundo. Somos um poço de contradições, de paixões, de anseios desencontrados e sentimentos, muitas vezes, destrutivos. Somos, pois, profundamente feridos de morte, feridos até a morte! É esta situação miserável que a Igreja denomina “pecado original”, pecado que já nos marca desde o primeiro momento de nossa existência: “Minha mãe já concebeu-me pecador” (Sl 50,7). É desta situação miserável, sem saída, que Cristo nos arranca com a Sua encarnação, Sua vida, Sua morte e ressurreição com o dom do Seu Espírito: “Todos pecaram e estão privados da glória de Deus, e são justificados gratuitamente em virtude da redenção realizada por Jesus Cristo” (Rm 3,23s).

Pois bem, a Igreja crê, firmemente, que a toda Santa Virgem Maria, desde o primeiro momento em que foi concebida no seio de sua mãe, foi preservada por Deus desta solidariedade com esta situação de pecado. Nós já nascemos marcados de morte; ela, desta marca de pecado foi preservada; nós, precisamos ser arrancados da lama do pecado graças à cruz do Cristo; ela, pela cruz do Cristo foi liberta desde a origem e, sequer, foi tocada por esta lama maldita; nós fomos redimidos, porque lavados desta lama; ela foi ainda mais perfeitamente redimida. porque, pelos méritos da Paixão do Senhor, sequer experimentou esta situação de pecaminosidade.

Desde o ventre materno, desde o primeiro instante de sua concepção, o Senhor a libertou graças aos méritos de Cristo. Ela, a Virgem, pode ser chamada Toda Santa, isto é, Toda Santificada. Ela pode cantar as palavras da profecia de Isaías: “Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me vestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas jóias!”

A Igreja crê nesta Concepção Imaculada da Mãe de Jesus e com ela se alegra. E crê fundamentada na Escritura Sagrada. A Palavra de Deus não afirma que o Senhor colocou uma inimizade de morte entre a serpente e a Mulher, entre a descendência da serpente e da Mulher? Quem é esta Mulher? Não é aquela a quem Jesus chama Mulher em Caná e ao pé da cruz? Não é aquela de quem São Paulo diz: “Quando chegou a plenitude dos tempos, enviou Deus o Seu Filho nascido de Mulher? Como, pois, poderia estar sob o domínio do pecado, fruto da serpente, a Mulher de quem nasceria o Cordeiro sem mancha, que tira o pecado do mundo? 

Estejamos atentos ainda no modo como Gabriel saudou a Virgem no Evangelho: ele lhe muda o nome! Não diz "Alegra-te, Maria!”, mas “Alegra-te, Cheia de Graça!”. Cheia de graça, kecharitomene, do verbo charitô, agraciar. "Alegra-te, ó Toda Cumulada Pela Graça!", "Alegra-te, ó Mar de Graça, ó possuída totalmente pela graça! Em ti, Virgem Maria, não há o mínimo lugar, a mínima brecha para a “des-graça” do pecado!" – É isto que significam as palavras de Gabriel. Podem crer: Deus juntou toda água um dia e chamou de mar; Deus juntou toda graça, outro dia, e a chamou de Maria!

A Virgem não é dona da graça; ela a recebeu totalmente. A Virgem não é imaculada por seus próprios méritos, mas pelos méritos daquele que, nascido de suas entranhas benditas, venceu a antiga serpente e destruiu o antigo inimigo. Observemos que esta ideia aparece na segunda leitura da Missa desta solenidade. O que diz o apóstolo? O Pai “nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou por intermédio de Jesus Cristo (Ef 1,4s).

Se todos somos fruto de um sonho eterno de Deus, se todos somos predestinados em Cristo, desde antes da fundação do mundo; se o Senhor conheceu nossos dias antes mesmo que um só deles existisse, pois bem: em Cristo, Deus, o Pai, preservou a Mãe do Seu Filho do pecado, graças ao Seu Filho! Que nossos irmãos protestantes se alegrem conosco pela Imaculada Conceição de Maria: ela é bíblica, ela exalta enormemente a grandeza abundante da graça de Cristo, único Salvador! São Paulo diz que “todos pecaram e estão privados da glória de Deus”; assim estaria a Virgem sem a graça de Cristo; mas disso foi libertada no primeiro momento de sua existência, graças a Cristo!

Esta é a beleza desta festa: o triunfo da graça, celebrar a graça de Cristo que age antes mesmo do nascimento histórico de Cristo! Que graça tão grande, que Salvador tão potente, que Deus tão previdente! E para nós, que alegria contemplar o mistério, vislumbrá-lo, mergulhar nele! Hoje, a Virgem foi concebida livre do pecado; hoje, começou a raiar a aurora do dia sem fim; surgiu a puríssima Estrela d’Alva que anuncia o Sol, que é o Cristo, nosso Deus!

A Igreja, exultante de alegria, tem palavras lindas na celebração litúrgica no dia da Imaculada. No Ofício Divino, ela assim se dirige à Virgem Toda Santa: “Com a vossa Imaculada Conceição, Virgem Maria, um anúncio de alegria percorreu o mundo inteiro” e, mais adiante, no Ofício, continua, admirada: “Toda bela sois, Virgem Maria, sem mancha original! Sois a glória de Sião, a alegria de Israel e a flor da humanidade”. E, imaginando a resposta da Virgem, coloca nos seus lábios estas palavras que ela dirige ao Senhor: “Foi nisto que eu vi, porque vós me escolhestes! Porque não triunfou sobre mim o inimigo, porque vós me escolhestes!” Isso mesmo: mais que ninguém, a Virgem é devedora a Cristo: Ele a escolheu, a preservou, sustentou-a e teve por ela uma predileção inigualável!

Alegremo-nos nós também! Em Cristo o pecado pode ser vencido! A Conceição Imaculada de Maria é sinal belíssimo desta vitória! Alegremo-nos, porque a Imaculada Conceição de Nossa Senhora é o feliz princípio e o primeiro albor da salvação que o Senhor Jesus nos traz! Bendita seja a cruz de Jesus, que antes de ser fincada no Calvário, já libertou com seus raios a Virgem de todo pecado! A Jesus, fruto bendito, do bendito ventre da bendita Virgem Maria, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.




Dom Henrique Soares da Costa 
http://www.domhenrique.com.br
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracaju, Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Amplo conhecimento na área de Teologia Dogmática, vasta experiência no magistério em diversos cursos, retiros e seminários.

07/12/2012 - 08h00

O Papa: Relativismo e violência são produto do esquecimento de Deus



VATICANO, 07 Dez. 12 / 02:23 pm (ACI/EWTN Noticias).- Em audiência com os membros da Comissão Teológica Internacional, o Papa Bento XVI explicou que o esquecimento de Deus na sociedade atual leva a uma forma de relativismo que, indevidamente, gera violência. Esta, ao contrário do que afirmam alguns, não deve ser atribuida às religiões monoteístas.

O Pontífice assinalou que “hoje, este mesmo sentido sobrenatural da fé dos crentes leva a reagir com vigor também contra o preconceito segundo o qual as religiões, e em particular as religiões monoteístas, seriam intrinsecamente portadores de violência, sobretudo por causa do argumento de que elas têm a pretensão da existência de uma verdade universal".

"Alguns acreditam que apenas o “politeísmo de valores” garantiria a tolerância e a paz civil seria conforme o espírito de uma sociedade democrática pluralista. Nesta direção, o vosso estudo sobre o tema “Deus Trino, unidade dos homens. Cristianismo e monoteísmo” é de viva atualidade. Por um lado, é essencial lembrar que a fé no Deus único, Criador do céu e da terra, atende às exigências racionais da reflexão metafísica, a qual não é enfraquecida, mas reforçada e aprofundada na Revelação do Mistério de Deus-Trino".

O Papa explicou que "é necessário salientar a forma que a Revelação definitiva do mistério do único Deus toma na vida e morte de Jesus Cristo, que vai ao encontro da Cruz como “cordeiro conduzido ao matadouro” (Is 53,7). O Senhor dá testemunho a uma rejeição radical de cada forma de ódio e violência em favor do primado absoluto da ágape".

"Se, portanto, na história, houve ou há formas de violência feita em nome de Deus, estas não são atribuídas ao monoteísmo, mas às causas históricas, principalmente aos erros dos homens. Pelo contrário, é o próprio esquecimento de Deus que imerge as sociedades humanas em uma forma de relativismo, que gera inevitavelmente a violência".

Bento XVI ressaltou que "quando se nega a possibilidade para todos de referir-se a uma verdade objetiva, o diálogo transforma-se impossível e a violência, declarada ou oculta, torna-se a regra dos relacionamentos humanos. Sem a abertura ao transcendente, que permite encontrar as respostas às perguntas sobre o sentido da vida e sobre a maneira de viver de modo moral, sem esta abertura o homem torna-se incapaz de agir segundo a justiça e de empenhar-se pela paz".

O Santo Padre manifestou apreço pela mensagem da Comissão Teológica Internacional por ocasião do Ano da Fé que "ilustra bem o modo específico no qual os teólogos, servindo fielmente à verdade da fé, podem participar do esforço evangelizador da Igreja".

Essa mensagem retoma as questões do documento "A teologia hoje. Perspectivas, princípios e critérios”, publicado no início deste ano. Tomando nota da vitalidade e da variedade da teologia depois do Concílio Vaticano II, este documento pretende apresentar, por assim dizer, o código genético da teologia católica, isso é, princípios que definem a sua própria identidade e, por consequência, garantem a sua unidade na diversidade das suas realizações".

"Em um contexto cultural em que alguns são tentados ou a privar a teologia de um estatuto acadêmico, por causa de sua ligação intrínseca com a fé, ou de prescindir da dimensão crente e confessional da teologia, com o risco de confundi-la e de reduzi-la às ciências religiosas, o vosso documento recorda oportunamente que a teologia é inseparavelmente confessional e racional e que a sua presença dentro da instituição universitária garante, ou deveria garantir, uma visão ampla e integral da própria razão humana".

O Papa assinalou que, entre os critérios da teologia católica, o documento menciona a atenção que os teólogos devem prestar ao "sensus fidelium".
"O Concílio Vaticano II, enfatizando o papel específico e insubstituível que cabe ao Magistério, salientou, no entanto, que todo o Povo de Deus participa na função profética de Cristo, realizando assim o desejo inspirado, expresso por Moisés: “Prouvera a Deus que todo o povo do Senhor profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu espírito!”", disse o Santo Padre.

"Este dom, o sensus fidei, constitui no crente uma espécie de instinto sobrenatural, que tem uma conaturalidade vital com o mesmo objeto da fé. Observamos que propriamente os simples fiéis carregam em si esta certeza, esta segurança do sentido da fé. O sensus fidei é um critério para discernir se uma verdade pertence ou não ao depósito vivo da tradição apostólica".

"Para este efeito, o texto esclarece os critérios para uma teologia autenticamente católica e, portanto, capaz de contribuir com a missão da Igreja, com o anúncio do Evangelho a todos os homens. Em um contexto cultural em que alguns são tentados ou a privar a teologia de um estatuto acadêmico, por causa de sua ligação intrínseca com a fé, ou de prescindir da dimensão crente e confessional da teologia, com o risco de confundi-la e de reduzi-la às ciências religiosas, o vosso documento recorda oportunamente que a teologia é inseparavelmente confessional e racional e que a sua presença dentro da instituição universitária garante, ou deveria garantir, uma visão ampla e integral da própria razão humana".

O Papa ressaltou ademais que "Se o fracasso do relacionamento dos homens com Deus traz em si um desequilíbrio profundo nas relações entre os próprios homens, a reconciliação com Deus, feita pela Cruz de Cristo, “nossa paz” (Ef 2,14), é a fonte fundamental da unidade e da fraternidade”.

“Nesta perspectiva, coloca-se também a vossa reflexão sobre o terceiro tema, aquele da doutrina social da Igreja no contexto da doutrina da fé. Essa confirma que a doutrina social não é uma adição extrínseca, mas, sem esquecer a contribuição de uma filosofia social, recebe os seus princípios básicos nas próprias fontes da fé”.

“Tal doutrina procura tornar efetivo, na grande diversidade das situações sociais, o mandamento novo que o Senhor Jesus nos deixou: “Como eu vos amei, assim amais também vós uns aos outros”".

“Rezemos à Virgem Imaculada, modelo de quem escuta e medita a Palavra de Deus, que vós recebais a graça de servir sempre alegremente a inteligência da fé em favor de toda a Igreja. Renovando a expressão da minha profunda gratidão pelo vosso serviço eclesial, asseguro-vos a minha constante proximidade na oração e concedo de coração a todos vós a Benção Apostólica", concluiu o Pontífice.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Bento XVI: Em meio aos levantes do mundo os cristãos devem dar testemunho de Deus





Vaticano, 02 Dez. 12 / 11:55 am (ACI/EWTN Noticias).- Diante dos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro para a oração do Ângelus, no primeiro domingo do Tempo do Advento, o Papa Bento XVI assinalou que “em meio aos levantes do mundo, ou aos desertos da indiferença e do materialismo, os cristãos aceitam de Deus a salvação e a testemunham com um diferente modo de viver, como uma cidade colocada sobre uma colina”.

O Santo Padre explicou que “a palavra “advento” significa “vinda” ou “presença”. No mundo antigo indicava a visita do rei ou do imperador a uma província; na linguagem cristã refere-se à vinda de Deus, à sua presença no mundo; um mistério que envolve inteiramente o cosmos e a história, mas que conhece dois momentos culminantes: a primeira e a segunda vinda de Jesus Cristo.”.

“Hoje a Igreja inicia um novo Ano litúrgico, um caminho que é enriquecido pelo Ano da Fé, há 50 anos da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II. O primeiro Tempo deste itinerário é o Advento, formado, no Rito Romano, por quatro semanas que antecedem o Natal do Senhor, isto é, o mistério da Encarnação”, assinalou.

O Papa indicou que a Encarnação e a volta gloriosa do Senhor ao final dos tempos, são dois momentos que “cronologicamente são distantes – e não se sabe o quanto - , tocam-se profundamente, porque com a sua morte e ressurreição Jesus já realizou aquela transformação do homem e do cosmos que é a meta final da criação”.

“Mas”, remarcou, “antes do fim, é necessário que o Evangelho seja proclamado a todas as nações”.

“A vinda do Senhor continua, o mundo deve ser penetrado por sua presença. E esta vinda permanente do Senhor no anúncio do Evangelho requer continuamente a nossa colaboração; e a Igreja, que é como a Noiva, a prometida esposa do Cordeiro de Deus crucificado e ressuscitado, em comunhão com o seu Senhor colabora nesta vinda do Senhor, na qual já começa o seu retorno glorioso.”.

Bento XVI assinalou que “a isto nos chama hoje a Palavra de Deus, traçando a linha de conduta a seguir para estar pronto para a vinda do Senhor. No Evangelho de Lucas, Jesus diz aos discípulos: “Os vossos corações não fiquem sobrecarregados com dissipação e embriaguez e dos cuidados davida... vigiai em cada momento orando””.

O Papa também indicou que “o apóstolo Paulo acrescenta o convite a “crescer e avantajar no amor” entre nós e todos, para firmar nossos corações e torná-los irrepreensíveis na santidade”.

O Santo Padre assinalou que “a comunidade dos crentes é sinal do amor de Deus, da sua justiça que já está presente e operante na história, mas que não está ainda plenamente realizada e, portanto, deve ser sempre aguardada, invocada, buscada com paciência e coragem”.

“A Virgem Maria encarna perfeitamente o espírito do Advento, feito de escuta de Deus, de desejo profundo de fazer a sua vontade, de alegre serviço ao próximo. Deixemo-nos guiar por ela, para que o Deus que vem não nos encontre fechados ou distraídos, mas possa, em cada um de nós, estender um pouco o seu reino de amor, de justiça e de paz”, finalizou o Pontífice. 

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