A palavra católico vem do grego “catholikón”, que
quer dizer “geral”, “universal”, em sentido contrário a “particular”. Desde a
sua origem a Igreja fundada por Jesus, sobre Pedro e os Apóstolos, é universal,
católica. Foi este desejo do Senhor quando enviou os seus apóstolos a todos os
povos: “Ide, pois e ensinai a todas as nações…” (Mt 28,19).“Ide por todo o
mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,16).
Foi
Cristo quem quis, desde a sua origem, que a Igreja fosse universal. A
catolicidade da Igreja tem vários aspectos:
1. Geográfico e antropológico: É o aspecto externo,
e que significa a abertura para todos os homens e mulheres de todos os tempos e
lugares da terra.
2. Pessoal, ontológico: Significa que a Igreja é a
depositária de toda a Verdade revelada pela Bíblia (escrita), e pela Tradição
(oral); e recebeu de Cristo a “plenitude dos meios da Salvação”, como enfatizou
o decreto do Concilio último sobre o Ecumenismo (UR, 3).
Deus deu à sua Igreja um caráter universal porque
“quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (2Tm
2,1-5). Essa verdade que salva foi confiada à Igreja por Jesus, para ser levada
a todos os homens. O Pai quis e quer o Cristo e a Igreja como “sacramento
universal da salvação”.
Cristo é o Salvador único de todos os homens e a
Igreja é o Seu Corpo prolongado na humanidade, para salvá-la. São Pedro disse
aos judeus: “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome
foi dado aos homens pelo qual devemos ser salvos” (At 4,12).
Através da Igreja, Cristo, Cabeça, leva a salvação
a todos.
“Ele é a cabeça do corpo, da Igreja” (Col 1,17).
“E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o
constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu corpo, o receptáculo daquele
que enche todas as coisas sob todos os aspectos” (Ef 1,23).
Sabemos que o desígnio de Deus é “recapitular todas
as coisas em Cristo” (Ef 1,10), restaurando e reunindo tudo sob a sua
autoridade, para reconduzir o mundo a Si. Para cumprir esse desígnio a Igreja
abraça todas as dimensões da pessoa humana: ciência, técnica, trabalho,
cultura, a fim de santificá-las, impregnando-as com o Evangelho e com a vida de
Cristo. Este é um outro aspecto da catolicidade da Igreja, que as seitas não
possuem, por não estarem abertas a todos os legítimos valores humanos.
A catolicidade (universalidade) da Igreja tem como
consequências a tarefa missionária e o ecumenismo. Cristo mandou que a Igreja
pregasse o Evangelho a todos os homens (Mt 28,18-20). Cada cristão é
responsável por essa missão que é da Igreja toda (LG nº 17; AG nº 23).
A missão da Igreja é transformar a humanidade toda
“em Povo de Deus, Corpo do Senhor e Templo do Espírito Santo, para que em
Cristo, Cabeça de todos, seja dada ao Pai e Criador do universo toda a honra e
toda a glória” (LG, 17).
Daí a necessidade do movimento ecumênico; isto é, a
busca da unidade de todos os cristãos, quebrada pelos diversos cismas. Não quer
dizer apenas uma união com as “igrejas” separadas, ou formar com elas como se
fosse uma “Confederação de igrejas”, onde a Igreja católica seria apenas uma
entre muitas. Não. O movimento ecumênico não implica em relativismo religioso e
moral. As verdades reveladas por Cristo à Igreja são intocáveis, e é em torno
delas que se deve formar a unidade querida por Deus.
Na
Carta Encíclica sobre o Ecumenismo, “Ut Unum Sint” (Que todos sejam um), de
25/05/95, o Papa João Paulo II afirma:
“…unidos na esteira dos mártires, os crentes em
Cristo não podem permanecer divididos. Se querem verdadeira e eficazmente fazer
frente à tendência do mundo a tornar vão o Mistério da Redenção, os cristãos
devem professar juntos a mesma verdade sobre a Cruz” (UUS, 1).
E o
Papa faz um alerta importantíssimo sobre a necessidade dos cristãos, unidos,
testemunharem ao mundo a Cruz redentora de Cristo:
“A Cruz! A corrente anti-cristã propõe-se dissipar
o seu valor, esvaziá-la do seu significado, negando que o homem possa encontrar
nela as raízes da sua nova vida e alegando que a Cruz não consegue nutrir
perspectivas nem esperanças: o homem – dizem – é um ser meramente terreno, que
deve viver como se Deus não existisse” (nº 1).
Mas
esta união não é de qualquer jeito. Sobre isso o Papa diz na mesma Encíclica:
“Não se trata, neste contexto, de modificar o
depósito da fé, de mudar os significados dos dogmas, de banir deles palavras
essenciais, de adaptar a verdade aos gostos de uma época, de eliminar certos
artigos do Credo com o falso pretexto de que hoje já não se compreendem. A
unidade querida por Deus só se pode realizar na adesão comum ao conteúdo
integral da fé revelada. Em matéria de fé, a cedência está em contradição com
Deus, que é a Verdade. No Corpo de Cristo – ele que é “Caminho, Verdade e Vida”
(Jo 14,6), quem poderia considerar legítima uma reconciliação levada a cabo à
custa da verdade? A declaração conciliar sobre a liberdade religiosa atribui à
dignidade humana a procura da verdade, ‘sobretudo no que diz respeito a
Deus e à sua Igreja’ (DH,1), e a adesão às suas exigências. Portanto um
“estar juntos” que traísse a verdade, estaria em oposição com a natureza de
Deus, que oferece a sua comunhão, e com a exigência da verdade que vive no mais
profundo de todo o coração humano” (nº 18).
Prof.
Felipe Aquino