François Callens
Palestra proferida no Forum Carismático Shalom – Nov/99 – Mantido o tom coloquial
Palestra proferida no Forum Carismático Shalom – Nov/99 – Mantido o tom coloquial
Vou começar contando uma história. Certa vez, nós encontramos um rapaz de cabelos longos, com um violão; ele estava com uma moça com quem vivia, mas não era casado. Ele estava fumando, e não era um cigarro; a Igreja e Deus para ele não significavam muita coisa. Então, nós fomos conversar um pouco com ele e o convidamos a participar de uma noite de oração; ele veio, foi profundamente tocado, confessou-se e decidiu mudar de vida. Abandonou a droga, deixou a moça com quem vivia e cortou os cabelos, mas ficou com o violão. Alguns meses depois, ele entrou na Comunidade, e, oito anos mais tarde, ordenou-se padre. Ele se chama Padre Eli e trabalha nas peregrinações com jovens. Eu tive a graça de me confessar três vezes com ele.
Portanto, nada se perde! Talvez no meio de nós aqui, entre vocês, esteja o futuro Cardeal de Fortaleza; talvez esteja também a futura Irmã Teresa do Nordeste! Talvez estejam também os bisavós da futura Santa Teresinha aqui de Fortaleza! Quando eu voltar aqui, daqui a 8 ou 10 anos, talvez, eu já esteja falando um pouquinho de português e talvez eu vá me confessar com um jovem padre, e esse padre pode dizer: “Você sabe, há 8 anos, quando você disse que aquele padre tinha ficado com o violão, aquilo me tocou muito”.
Isso é evangelização! Não é ficar preso àquilo que nós vemos ou àquilo que nós queremos, mas sim se prender à vontade de Deus, à visão de Deus. E Deus quer que nós sejamos santos. E a santidade não é fazer tudo perfeitamente; a santidade é doação, e quando nós já tivermos dado tudo, então é perdoar, e quando tudo tiver sido perdoado, é se doar. Isso é a santidade.
Eu vou contar outra história. Nós estávamos pregando com o padre sobre esse tema, Parresia para Evangelização. E eu estava muito desencorajado; as pessoas que estavam na minha frente, menos numerosas que vocês, estavam todas digerindo o almoço e, com a Parresia da Evangelização, não estavam se incomodando muito; e o padre contou então, essa história que eu vou contar agora a vocês.
Ele também disse que no final uma moça que estava assistindo veio conversar com ele; e essa moça veio pedir que ele desse a ela um conselho para evangelizar; ela também estava desencorajada. Aí o padre perguntou a ela: “Como você veio para cá?” Ela disse: “De ônibus”. Então, disse para essa moça que ia sair de ônibus: “Você vai dizer para a primeira pessoa que se sentar ao seu lado: Deus te ama e eu vou orar por você”. Ela perguntou: “O Senhor não tem um outro conselho para me dar, não?” – A gente sempre quer uma coisa diferente –. Ele disse: “Não, não tenho outro conselho”.
Então, essa moça entrou no ônibus, sentou-se, fechou os olhos e começou a rezar, pedindo que “ninguém” se sentasse ao lado dela no ônibus. “Oh! Virgem Maria, que ninguém se sente, pois eu não sou capaz de fazer isso” (evangelizar). Nós também pensamos assim! De vez em quando, em cada parada, ela abria os olhos... E numa dessas vezes, ela viu uma pessoa gorda... E pediu ao Senhor que não enviasse aquela pessoa. Mas nós não escolhemos o nosso “próximo”. Vocês se recordam do Evangelho de Lucas, “O bom samaritano”. Quem escolhe o seu próximo? É a mesma história do levita e do publicano... O próximo é aquele que Deus escolhe e coloca ali, bem próximo de nós.
E o ônibus parou nessa parada, o homem entrou e se sentou ao lado dela. Esse senhor tinha um ar muito sério, muito importante. Então ela pensou: “Como eu sou da RCC, eu vou primeiro orar para o Espírito Santo me ajudar”. Ela nunca havia rezado tanto para o Espírito Santo; passou uma parada, a segunda, a terceira e ela esperando que ele descesse antes dela terminar de rezar. Mas ele não descia... Então, ela fechou os olhos, virou-se para ele e disse: “Moço, eu sou cristã; será que o senhor quer que eu ore por você?” Fechou os olhos e ficou esperando a resposta. Embora de olhos fechados, ela sentiu que ele estava soluçando, chorando. Esse senhor tinha sofrido muito, estava desesperado e, obviamente, não esperava de jeito nenhum essa intervenção de Deus na vida dele! E ela foi tão reconfortada, tão fortalecida na sua fé, que foi depois para a África, lá estava à frente da RCC.
E aí vocês podem estar se perguntando: “E nós, devemos também fazer isso?” Sim. Devemos. “E como vamos fazer para rezar pela pessoa?” Coloque a mão sobre a pessoa, feche os olhos e diga no coração de vocês: “Senhor, faz alguma coisa; tudo é possível!” De que vocês têm medo? Por que vocês estão sufocados?
Vocês se lembram de hoje de manhã, quando o Santíssimo Sacramento estava aqui exposto? A Emmir proclamou uma palavra profética muito forte sobre o “combate espiritual”. Era como se todos nós estivéssemos esmagados, sufocados. Hoje de manhã, o Senhor falou, acima de tudo, acerca da impureza. E o demônio, sempre usa a mesma metodologia. Primeiro ele sufoca, depois ele desencoraja e se nós conseguimos vencer esses dois obstáculos, nós veremos o terceiro.
Hoje de manhã era o sufocamento como um “polvo”, cheio de tentáculos. Aqueles que leram as 20 milhas submarinas do Júlio Verne, devem lembrar como esse animal pegava o submarino e ia apertando... apertando... É isso que o demônio faz. E nós vamos ficando apertados, sufocados; a nossa liberdade, a nossa alegria vai ficando sufocada e a nossa Parresia também. Então, o que foi feito no submarino para que o “polvo” os deixasse? Eles mandaram uma descarga elétrica, e com isso o polvo na mesma hora o soltou, e o submarino ficou livre.
Nós temos o poder de enviar essa descarga elétrica sobre o demônio, que é esse “polvo” que nos oprime. Essa descarga é o louvor! Quando nós louvamos, é como se nós estivéssemos derramando essa energia nesse polvo. Quando nós louvamos, o polvo se assusta. Ele grita e nos deixa. Os anjos até “aplaudem” com as suas asas... Quando eu louvo, eu faço um ato de louvor a Deus que é bom, que é eterno no seu amor. E o demônio é obrigado a sair de cima de nós. E nós é que devemos rir! Ele tem ódio que a gente ria dele. Então, a cada momento que vocês forem louvar, lembrem-se disso, que vocês estão liberando o poder de Deus!
A segunda grande tentação é o desencorajamento. Então, para ilustrar o desencorajamento, primeiro eu vou contar uma historinha e depois vou ler uma passagem bíblica para que compreendam melhor.
É uma pequena parábola que vou contar. Um dia, o demônio fez uma grande exposição. Ele expôs todas as armas que utilizava. Era um shopping. Todos os pecadores, os assassinos, os estupradores, os ladrões, vinham ver essa exposição. E todas as armas eram gratuitas. Um “self service”, você vinha e pegava a que quisesse. Porém, havia um instrumento que tinha marcado “esse é único, não está à venda, nem pode ser emprestado”. Era algo muito pequeno, um pouco envelhecido. E perguntaram ao demônio: “O que é isso?” Ele respondeu: “Isso aqui eu guardo, é meu. Com esse instrumento posso entrar em qualquer lugar. É uma chave. E essa chave se chama desencorajamento. Com essa chave do desencorajamento eu abro a mente e penetro até o coração. E eu consigo entrar no coração dos apóstolos, no coração dos missionários, no coração dos pais, dos jovens...”
É uma história triste! Mas escutem, não sejamos “imbecis”, ele nos deu um meio; ele mostrou as armas, mostrou que as armas estão aqui. Então, se eu abaixo muito a minha cabeça, ele não vai encontrar onde fica a abertura, porque o demônio nunca se abaixa, só Deus se abaixa. E nós podemos nos abaixar quando pedimos perdão; assim que vocês se ajoelham o demônio não pode mais achar essa abertura da chave, ele não tem mais a fechadura.
Em 1Reis 19 temos a história de Elias. Ele era um grande profeta. E o Senhor deu a Elias uma Parresia incrível. Ele disse: “Você vai fazer a chuva parar durante três anos. Você vai ressuscitar uma pessoa morta, e você principalmente vai afrontar os profetas de Baal. Eles são 450 e você vai sozinho. Mas eu, Deus, estou com você.” Então Elias foi lá e provocou os profetas de Baal.
Ele provocou-os e disse: “Vamos lá, façam cair o fogo do céu”; e durante o dia inteiro os 450 profetas de Baal ficaram rezando, pedindo que o fogo caísse do céu; elas faziam todo o ritual, mas não adiantava nada. E Elias ficava só rindo. Ele ficava se divertindo, e dizia: “Coloquem o dinheiro de vocês nos bancos, comprem muitas coisas, casas de luxo, carro, casa de praia, de montanha, vamos ver se isso vai fazer com que vocês sejam felizes”. As pessoas não são felizes assim, e o fogo do céu também não desce.
E aí, no fim do dia, eles dizem: “Elias, agora é com você!” Então Elias foi lá, colocou no altar o sacrifício, e para mostrar que aquilo não era um acaso, ele pediu que sobre o sacrifício se derramasse água. Ele fez com que a água fosse derramada três vezes sobre o sacrifício, em cima, do lado, no meio, em todo lugar. E disse então: “Senhor, agora é com você”. E o fogo do céu desceu. Então Elias disse: “Prendam os profetas e que nenhum deles fuja”. Elias foi lá, e degolou cada um deles.
Depois Elias, que não teve medo desses 450 profetas de Baal, foge para o deserto; e diz: “Senhor, chega! Eu quero morrer, toma a minha vida”... Ele estava em pé nesse momento, ele sabia bem que tinha sido Deus que tinha feito tudo isso. Mas ele deve ter achado que ele tinha feito alguma coisa também. O resultado é que o grande profeta Elias ficou desencorajado, como se ele fosse um “principiante”, um “estagiário”. Isso é normal! O desencorajamento é normal. É normal que uma mulher casada se sinta desencorajada de ver o seu marido sempre bêbado.
É normal que as pessoas se sintam desencorajadas por não acharem um trabalho estável, por não ter oportunidade de fazer os estudos. Vocês são como Elias! E Deus diz: “Você está desencorajado, porque você ainda é “muito grande”... Vá se abaixando, se abaixando, dobre os joelhos no chão e ore. Você não vale mais do que os outros, mas eu te amo! Eu te amo infinitamente.” Então, vocês serão vencedores. Vocês serão renovados no fervor, na Parresia; vocês então terão ultrapassado o desencorajamento e para se atravessar esse obstáculo é preciso estar de “joelhos”, porque nós somos “muito grandes”, sempre “muito grandes”.
E o último ponto que eu quero abordar é que se vocês se colocam de joelhos, vocês colocam os olhos de vocês no nível dos olhos de Jesus, porque Jesus passa sua vida gloriosa de joelhos. A ocupação de Jesus é lavar os meus pés. Quando Jesus lavou os pés dos apóstolos, vocês achavam que Ele estava em pé? Se Jesus estivesse em pé, os apóstolos teriam de levantar os pés bem alto para Ele lavar; não teria dado certo. Mas não, Jesus colocou-se de joelhos, e se eu me coloco de joelhos, eu me aproximo dos olhos de Jesus. Eu não posso ficar desencorajado. Quando eu estou desencorajado, então significa que é porque eu estou em pé. Então, é impossível sermos renovados no fervor, na Parresia, sem que nós devoremos a Bíblia. A Bíblia é como uma roupa. Eu entendo que a gente não tenha uma cruz... Mas que a gente não tenha uma Bíblia! Então, de que é que vocês vivem?
Vamos agora ver os instrumentos de combate de São Paulo (Ef 6,14ss). Vamos fazer uma revisão rápida e ilustrada. Existem quatro armas para que possamos nos defender e duas para atacar. As de defesa são o cinto, a couraça, o capacete e o escudo; As de ataque – o demônio é quem nós atacamos – são a espada e as sandálias.
O cinto é para se defender. Por que o soldado usa o cinto? Para segurar a calça, porque senão, ao correr, ela cai e ele vai se atrapalhar. E se ficamos segurando a calça com as duas mãos, não podemos lutar. Isso é o que São Paulo diz.
O cinturão é a verdade. A verdade é que me permite manter as mãos livres e o coração livre... Há 14 anos, nós estávamos pregando a um grupo, durante uma semana. Na sala tinha uma mãe e ela estava orando pela sua filha de 15 anos, sem saber que nesse mesmo momento, ela estava indo para casa, e, lá na esquina, um homem pulou sobre a menina e disse: “Tire a roupa, porque eu vou te violentar”. E a filha teve esta resposta extraordinária: “Eu não posso, porque sou virgem”. Essa é uma resposta absurda, nessa situação.
O homem começou a ficar nervoso. Ela pegou a Medalha dela e disse: “Eu pertenço à Virgem Maria, eu não posso”! Então, o homem olhou a Medalha e saiu correndo. A moça começou a chorar e foi correndo para a Igreja. Ela veio falar comigo e quando nós compreendemos a história dissemos: “Nós iremos rezar por você para que a sua memória seja curada; e se você quiser, nós vamos orar depois para que você perdoe”. Ela disse: “Não, eu quero que vocês orem para que eu perdoe esse homem agora, não depois”! E assim fizemos.
No dia seguinte então, nós continuamos a fazer o nosso trabalho pastoral e, no dia seguinte, a mãe estava novamente lá e ela orava agradecendo ao Senhor; e nesse momento a filha voltava novamente para casa, e o homem voltou também, pulou perto da menina de novo e disse: “Eu peço perdão a você”, e saiu correndo de novo. Aí está a Parresia do testemunho cristão. Ela disse a verdade para ele, simplesmente uma verdade pobre que parece até ridícula, ser virgem e andar com a Medalha de Nossa Senhora, hoje em dia diante da televisão e da mídia, isso pode até ser ridículo. Eu poderia multiplicar esses exemplos durante horas...
A verdade é esse cinto que nos deixa livres, sem medo. Nós devemos conhecer a verdade, devemos tomar essa decisão; devemos ler regularmente o Catecismo da Igreja, estudar, pedir explicação sobre ele.
A segunda arma é a couraça. A couraça serve para proteger o coração. Ela é a justiça; mas é a justiça que defende o amor, que protege o amor. O nosso coração é como um recipiente pequenino e a abertura é bem pequenininha, mas aí tudo pode entrar; o bom vinho, ou coisas ruins...
Nós vimos no desencorajamento a mesma coisa; mas como essa abertura é pequenininha, Deus nos dá um funil, e nesse funil tem na parte fina um filtro, que se chama inteligência. E a parte grande como um “vê”, é a boa vontade. Se você coloca esse funil no seu coração, no sentido correto, o “vê” para cima, essa então é a couraça de Deus.
As coisas passam pela boa vontade são filtradas pela inteligência e entram no coração. Mas eu quero que a minha inteligência compreenda antes. Eu quero que me provem, antes de crer. Eu quero que me expliquem antes que eu aceite. Eu quero que me mostrem, que me demonstrem antes de eu aceitar. Então eu quero as coisas em contrário. Eu quero que as coisas funcionem primeiro, como se eu colocasse esse funil de cabeça para baixo, ao contrário. Se vocês colocarem a inteligência primeiro, como é que vocês querem que funcione? Porque a justiça de Deus é colocar a inteligência a serviço do coração. Não é a ditadura da razão; é a minha razão servindo o amor. Se nós colocarmos a razão nas nossas experiências de amor, nós não encontraremos jamais a pessoa da nossa vida, jamais o homem da nossa vida, a mulher da nossa vida. Quando alguém está apaixonado nós perguntamos: “Por que você está apaixonado?” E a pessoa vai dizer: “Porque, porque, porque...” Então, a inteligência tem de vir depois.
Eu vou contar a vocês um exemplo, que eu vou até rir de mim mesmo. Mas isso é verdade, para mostrar como eu era quando tinha 18 anos. Graças a Deus, a minha mãe, coitadinha, não vai ouvir isso que eu estou dizendo, porque senão ela ficaria com vergonha...
Quando tinha 18 anos, eu, um homem francês, inteligente, com um espírito cartesiano disse: “Ó minha inteligência, como será a mulher da minha vida?” Comecei a pensar como seria o físico dela. Então, isso tudo para fazer um robô, um retrato daquela mulher que eu deveria encontrar. E eu procurava nas revistas, e quando eu encontrava o rosto de uma mulher que me agradava, eu cortava o rosto e no final do ano, eu teria 80 fotos; e aí eu fui procurando que rosto me agradava mais. Aí fui separando os olhos, o nariz, a boca, então, eu fui deixando assim de lado, cinco ou seis narizes, olhos... boca, que me agradavam, que eu achava que seria bonito na minha mulher.
O problema, é que eu tinha escolhido cinco ou seis, mas eu só poderia encontrar uma! Porque uma mulher só tem um nariz. Então, depois de muito refletir, cheguei a uma conclusão e encontrei o meu nariz preferido, o olho preferido, a boca preferida etc. E aí, eu fui montando, aí eu colei, e isso se tornou como um robô, um modelo. O resultado disso foi um desastre! Simplesmente essa mulher se tornou um monstro! Graças a Deus, a minha esposa, Eveline, não se parece nada com esse desenho que eu fiz. Vocês estão vendo? Isso não era justo.
Essa é a couraça da justiça. Não era a melhor maneira de agir! Deus não age assim. Então, coloquem sempre a couraça, e coloquem esse funil do coração no sentido coreto, senão todas as histórias de amor que vocês viverão serão loucuras. As meninas que estão sonhando com o Leonardo de Caprio, e os rapazes com uma atriz famosa. O demônio sempre age assim.
A terceira arma para permanecer fervoroso é o capacete da esperança! A esperança é viver hoje, fazer o que eu tenho de fazer hoje, mas olhando como Deus. Olhando para o tempo em que estaremos todos reunidos no Paraíso; nós nos reconheceremos! Vocês me dirão em português: “Ó Dudu, eu estou tão feliz de você estar aqui. Você chegou quando?” E eu vou entender tudo! E vou dizer: “Ah! Você é aquele que estava lá na décima fila e que estava dormindo?” E eu vou perguntar: “E o que foi que você gravou dessa palestra?” Aí ele vai dizer: “Eu me lembrei de que devia ficar de joelhos e com o “funil para cima”! E aí durante a Missa eu me coloquei de joelhos e coloquei esse funil no bom sentido”.
E eu vou dizer: “Foi tudo o que você ouviu? E você evangelizou lá no ônibus?”. “Ah não! Porque eu era o motorista, não dava!”. “E você estava usando uma cruz? Não? E a Bíblia você está lendo?” “Eu não! Mas de joelhos eu fiquei”. E é isso mesmo, vocês vão estar no céu comigo. E nós lá vamos nos confraternizar, vamos cantar Shalom! A Virgem Maria vai ficar conosco.
É assim que a evangelização acontece. Vocês vão falar disso para outras pessoas. Vocês vão dizer para um amigo daqui a pouco: “Eu não entendi bem o que ele estava dizendo, mas eu ri bastante. E esse amigo pode ser tocado, pode ser que ele vá à Missa todos os domingos, todos os dias, e talvez ele se torne o pai do Cardeal de Fortaleza em 2080. E nós todos estaremos lá no céu. Então, São Pedro vai dizer: “Senhor Jesus, eu vou te apresentar agora o Cardeal de Fortaleza”. E este vai dizer: “Estou aqui no céu graças a um senhor que foi tocado pelo que disse outro senhor, que estava lá atrás numa reunião do Shalom.” Aí, Jesus vai dizer: “Ah! O Shalom!” E vai dizer para São Pedro: “Faça entrar toda a Comunidade Shalom!”
Então, isso é a Parresia, isso é a Comunhão dos Santos, isso é o Tesouro da Igreja Católica. Então, o Capacete da Esperança é que me faz capaz de ver como Deus. É melhor do que um capacete de vídeo, daquele vídeo game.
O escudo agora! Ele faz o mesmo feito do colete à prova de bala que os policiais americanos usam. É a Fé! Que gênero, de que tipo de fé estou falando? É crer que, qualquer coisa que aconteça, Deus está aí. Nada pode me separar do amor de Deus. O garotinho que fica aqui nas costas do pai, que é campeão de box, não tem medo de nada. Ele tem fé no seu pai.
Portanto, nada se perde! Talvez no meio de nós aqui, entre vocês, esteja o futuro Cardeal de Fortaleza; talvez esteja também a futura Irmã Teresa do Nordeste! Talvez estejam também os bisavós da futura Santa Teresinha aqui de Fortaleza! Quando eu voltar aqui, daqui a 8 ou 10 anos, talvez, eu já esteja falando um pouquinho de português e talvez eu vá me confessar com um jovem padre, e esse padre pode dizer: “Você sabe, há 8 anos, quando você disse que aquele padre tinha ficado com o violão, aquilo me tocou muito”.
Isso é evangelização! Não é ficar preso àquilo que nós vemos ou àquilo que nós queremos, mas sim se prender à vontade de Deus, à visão de Deus. E Deus quer que nós sejamos santos. E a santidade não é fazer tudo perfeitamente; a santidade é doação, e quando nós já tivermos dado tudo, então é perdoar, e quando tudo tiver sido perdoado, é se doar. Isso é a santidade.
Eu vou contar outra história. Nós estávamos pregando com o padre sobre esse tema, Parresia para Evangelização. E eu estava muito desencorajado; as pessoas que estavam na minha frente, menos numerosas que vocês, estavam todas digerindo o almoço e, com a Parresia da Evangelização, não estavam se incomodando muito; e o padre contou então, essa história que eu vou contar agora a vocês.
Ele também disse que no final uma moça que estava assistindo veio conversar com ele; e essa moça veio pedir que ele desse a ela um conselho para evangelizar; ela também estava desencorajada. Aí o padre perguntou a ela: “Como você veio para cá?” Ela disse: “De ônibus”. Então, disse para essa moça que ia sair de ônibus: “Você vai dizer para a primeira pessoa que se sentar ao seu lado: Deus te ama e eu vou orar por você”. Ela perguntou: “O Senhor não tem um outro conselho para me dar, não?” – A gente sempre quer uma coisa diferente –. Ele disse: “Não, não tenho outro conselho”.
Então, essa moça entrou no ônibus, sentou-se, fechou os olhos e começou a rezar, pedindo que “ninguém” se sentasse ao lado dela no ônibus. “Oh! Virgem Maria, que ninguém se sente, pois eu não sou capaz de fazer isso” (evangelizar). Nós também pensamos assim! De vez em quando, em cada parada, ela abria os olhos... E numa dessas vezes, ela viu uma pessoa gorda... E pediu ao Senhor que não enviasse aquela pessoa. Mas nós não escolhemos o nosso “próximo”. Vocês se recordam do Evangelho de Lucas, “O bom samaritano”. Quem escolhe o seu próximo? É a mesma história do levita e do publicano... O próximo é aquele que Deus escolhe e coloca ali, bem próximo de nós.
E o ônibus parou nessa parada, o homem entrou e se sentou ao lado dela. Esse senhor tinha um ar muito sério, muito importante. Então ela pensou: “Como eu sou da RCC, eu vou primeiro orar para o Espírito Santo me ajudar”. Ela nunca havia rezado tanto para o Espírito Santo; passou uma parada, a segunda, a terceira e ela esperando que ele descesse antes dela terminar de rezar. Mas ele não descia... Então, ela fechou os olhos, virou-se para ele e disse: “Moço, eu sou cristã; será que o senhor quer que eu ore por você?” Fechou os olhos e ficou esperando a resposta. Embora de olhos fechados, ela sentiu que ele estava soluçando, chorando. Esse senhor tinha sofrido muito, estava desesperado e, obviamente, não esperava de jeito nenhum essa intervenção de Deus na vida dele! E ela foi tão reconfortada, tão fortalecida na sua fé, que foi depois para a África, lá estava à frente da RCC.
E aí vocês podem estar se perguntando: “E nós, devemos também fazer isso?” Sim. Devemos. “E como vamos fazer para rezar pela pessoa?” Coloque a mão sobre a pessoa, feche os olhos e diga no coração de vocês: “Senhor, faz alguma coisa; tudo é possível!” De que vocês têm medo? Por que vocês estão sufocados?
Vocês se lembram de hoje de manhã, quando o Santíssimo Sacramento estava aqui exposto? A Emmir proclamou uma palavra profética muito forte sobre o “combate espiritual”. Era como se todos nós estivéssemos esmagados, sufocados. Hoje de manhã, o Senhor falou, acima de tudo, acerca da impureza. E o demônio, sempre usa a mesma metodologia. Primeiro ele sufoca, depois ele desencoraja e se nós conseguimos vencer esses dois obstáculos, nós veremos o terceiro.
Hoje de manhã era o sufocamento como um “polvo”, cheio de tentáculos. Aqueles que leram as 20 milhas submarinas do Júlio Verne, devem lembrar como esse animal pegava o submarino e ia apertando... apertando... É isso que o demônio faz. E nós vamos ficando apertados, sufocados; a nossa liberdade, a nossa alegria vai ficando sufocada e a nossa Parresia também. Então, o que foi feito no submarino para que o “polvo” os deixasse? Eles mandaram uma descarga elétrica, e com isso o polvo na mesma hora o soltou, e o submarino ficou livre.
Nós temos o poder de enviar essa descarga elétrica sobre o demônio, que é esse “polvo” que nos oprime. Essa descarga é o louvor! Quando nós louvamos, é como se nós estivéssemos derramando essa energia nesse polvo. Quando nós louvamos, o polvo se assusta. Ele grita e nos deixa. Os anjos até “aplaudem” com as suas asas... Quando eu louvo, eu faço um ato de louvor a Deus que é bom, que é eterno no seu amor. E o demônio é obrigado a sair de cima de nós. E nós é que devemos rir! Ele tem ódio que a gente ria dele. Então, a cada momento que vocês forem louvar, lembrem-se disso, que vocês estão liberando o poder de Deus!
A segunda grande tentação é o desencorajamento. Então, para ilustrar o desencorajamento, primeiro eu vou contar uma historinha e depois vou ler uma passagem bíblica para que compreendam melhor.
É uma pequena parábola que vou contar. Um dia, o demônio fez uma grande exposição. Ele expôs todas as armas que utilizava. Era um shopping. Todos os pecadores, os assassinos, os estupradores, os ladrões, vinham ver essa exposição. E todas as armas eram gratuitas. Um “self service”, você vinha e pegava a que quisesse. Porém, havia um instrumento que tinha marcado “esse é único, não está à venda, nem pode ser emprestado”. Era algo muito pequeno, um pouco envelhecido. E perguntaram ao demônio: “O que é isso?” Ele respondeu: “Isso aqui eu guardo, é meu. Com esse instrumento posso entrar em qualquer lugar. É uma chave. E essa chave se chama desencorajamento. Com essa chave do desencorajamento eu abro a mente e penetro até o coração. E eu consigo entrar no coração dos apóstolos, no coração dos missionários, no coração dos pais, dos jovens...”
É uma história triste! Mas escutem, não sejamos “imbecis”, ele nos deu um meio; ele mostrou as armas, mostrou que as armas estão aqui. Então, se eu abaixo muito a minha cabeça, ele não vai encontrar onde fica a abertura, porque o demônio nunca se abaixa, só Deus se abaixa. E nós podemos nos abaixar quando pedimos perdão; assim que vocês se ajoelham o demônio não pode mais achar essa abertura da chave, ele não tem mais a fechadura.
Em 1Reis 19 temos a história de Elias. Ele era um grande profeta. E o Senhor deu a Elias uma Parresia incrível. Ele disse: “Você vai fazer a chuva parar durante três anos. Você vai ressuscitar uma pessoa morta, e você principalmente vai afrontar os profetas de Baal. Eles são 450 e você vai sozinho. Mas eu, Deus, estou com você.” Então Elias foi lá e provocou os profetas de Baal.
Ele provocou-os e disse: “Vamos lá, façam cair o fogo do céu”; e durante o dia inteiro os 450 profetas de Baal ficaram rezando, pedindo que o fogo caísse do céu; elas faziam todo o ritual, mas não adiantava nada. E Elias ficava só rindo. Ele ficava se divertindo, e dizia: “Coloquem o dinheiro de vocês nos bancos, comprem muitas coisas, casas de luxo, carro, casa de praia, de montanha, vamos ver se isso vai fazer com que vocês sejam felizes”. As pessoas não são felizes assim, e o fogo do céu também não desce.
E aí, no fim do dia, eles dizem: “Elias, agora é com você!” Então Elias foi lá, colocou no altar o sacrifício, e para mostrar que aquilo não era um acaso, ele pediu que sobre o sacrifício se derramasse água. Ele fez com que a água fosse derramada três vezes sobre o sacrifício, em cima, do lado, no meio, em todo lugar. E disse então: “Senhor, agora é com você”. E o fogo do céu desceu. Então Elias disse: “Prendam os profetas e que nenhum deles fuja”. Elias foi lá, e degolou cada um deles.
Depois Elias, que não teve medo desses 450 profetas de Baal, foge para o deserto; e diz: “Senhor, chega! Eu quero morrer, toma a minha vida”... Ele estava em pé nesse momento, ele sabia bem que tinha sido Deus que tinha feito tudo isso. Mas ele deve ter achado que ele tinha feito alguma coisa também. O resultado é que o grande profeta Elias ficou desencorajado, como se ele fosse um “principiante”, um “estagiário”. Isso é normal! O desencorajamento é normal. É normal que uma mulher casada se sinta desencorajada de ver o seu marido sempre bêbado.
É normal que as pessoas se sintam desencorajadas por não acharem um trabalho estável, por não ter oportunidade de fazer os estudos. Vocês são como Elias! E Deus diz: “Você está desencorajado, porque você ainda é “muito grande”... Vá se abaixando, se abaixando, dobre os joelhos no chão e ore. Você não vale mais do que os outros, mas eu te amo! Eu te amo infinitamente.” Então, vocês serão vencedores. Vocês serão renovados no fervor, na Parresia; vocês então terão ultrapassado o desencorajamento e para se atravessar esse obstáculo é preciso estar de “joelhos”, porque nós somos “muito grandes”, sempre “muito grandes”.
E o último ponto que eu quero abordar é que se vocês se colocam de joelhos, vocês colocam os olhos de vocês no nível dos olhos de Jesus, porque Jesus passa sua vida gloriosa de joelhos. A ocupação de Jesus é lavar os meus pés. Quando Jesus lavou os pés dos apóstolos, vocês achavam que Ele estava em pé? Se Jesus estivesse em pé, os apóstolos teriam de levantar os pés bem alto para Ele lavar; não teria dado certo. Mas não, Jesus colocou-se de joelhos, e se eu me coloco de joelhos, eu me aproximo dos olhos de Jesus. Eu não posso ficar desencorajado. Quando eu estou desencorajado, então significa que é porque eu estou em pé. Então, é impossível sermos renovados no fervor, na Parresia, sem que nós devoremos a Bíblia. A Bíblia é como uma roupa. Eu entendo que a gente não tenha uma cruz... Mas que a gente não tenha uma Bíblia! Então, de que é que vocês vivem?
Vamos agora ver os instrumentos de combate de São Paulo (Ef 6,14ss). Vamos fazer uma revisão rápida e ilustrada. Existem quatro armas para que possamos nos defender e duas para atacar. As de defesa são o cinto, a couraça, o capacete e o escudo; As de ataque – o demônio é quem nós atacamos – são a espada e as sandálias.
O cinto é para se defender. Por que o soldado usa o cinto? Para segurar a calça, porque senão, ao correr, ela cai e ele vai se atrapalhar. E se ficamos segurando a calça com as duas mãos, não podemos lutar. Isso é o que São Paulo diz.
O cinturão é a verdade. A verdade é que me permite manter as mãos livres e o coração livre... Há 14 anos, nós estávamos pregando a um grupo, durante uma semana. Na sala tinha uma mãe e ela estava orando pela sua filha de 15 anos, sem saber que nesse mesmo momento, ela estava indo para casa, e, lá na esquina, um homem pulou sobre a menina e disse: “Tire a roupa, porque eu vou te violentar”. E a filha teve esta resposta extraordinária: “Eu não posso, porque sou virgem”. Essa é uma resposta absurda, nessa situação.
O homem começou a ficar nervoso. Ela pegou a Medalha dela e disse: “Eu pertenço à Virgem Maria, eu não posso”! Então, o homem olhou a Medalha e saiu correndo. A moça começou a chorar e foi correndo para a Igreja. Ela veio falar comigo e quando nós compreendemos a história dissemos: “Nós iremos rezar por você para que a sua memória seja curada; e se você quiser, nós vamos orar depois para que você perdoe”. Ela disse: “Não, eu quero que vocês orem para que eu perdoe esse homem agora, não depois”! E assim fizemos.
No dia seguinte então, nós continuamos a fazer o nosso trabalho pastoral e, no dia seguinte, a mãe estava novamente lá e ela orava agradecendo ao Senhor; e nesse momento a filha voltava novamente para casa, e o homem voltou também, pulou perto da menina de novo e disse: “Eu peço perdão a você”, e saiu correndo de novo. Aí está a Parresia do testemunho cristão. Ela disse a verdade para ele, simplesmente uma verdade pobre que parece até ridícula, ser virgem e andar com a Medalha de Nossa Senhora, hoje em dia diante da televisão e da mídia, isso pode até ser ridículo. Eu poderia multiplicar esses exemplos durante horas...
A verdade é esse cinto que nos deixa livres, sem medo. Nós devemos conhecer a verdade, devemos tomar essa decisão; devemos ler regularmente o Catecismo da Igreja, estudar, pedir explicação sobre ele.
A segunda arma é a couraça. A couraça serve para proteger o coração. Ela é a justiça; mas é a justiça que defende o amor, que protege o amor. O nosso coração é como um recipiente pequenino e a abertura é bem pequenininha, mas aí tudo pode entrar; o bom vinho, ou coisas ruins...
Nós vimos no desencorajamento a mesma coisa; mas como essa abertura é pequenininha, Deus nos dá um funil, e nesse funil tem na parte fina um filtro, que se chama inteligência. E a parte grande como um “vê”, é a boa vontade. Se você coloca esse funil no seu coração, no sentido correto, o “vê” para cima, essa então é a couraça de Deus.
As coisas passam pela boa vontade são filtradas pela inteligência e entram no coração. Mas eu quero que a minha inteligência compreenda antes. Eu quero que me provem, antes de crer. Eu quero que me expliquem antes que eu aceite. Eu quero que me mostrem, que me demonstrem antes de eu aceitar. Então eu quero as coisas em contrário. Eu quero que as coisas funcionem primeiro, como se eu colocasse esse funil de cabeça para baixo, ao contrário. Se vocês colocarem a inteligência primeiro, como é que vocês querem que funcione? Porque a justiça de Deus é colocar a inteligência a serviço do coração. Não é a ditadura da razão; é a minha razão servindo o amor. Se nós colocarmos a razão nas nossas experiências de amor, nós não encontraremos jamais a pessoa da nossa vida, jamais o homem da nossa vida, a mulher da nossa vida. Quando alguém está apaixonado nós perguntamos: “Por que você está apaixonado?” E a pessoa vai dizer: “Porque, porque, porque...” Então, a inteligência tem de vir depois.
Eu vou contar a vocês um exemplo, que eu vou até rir de mim mesmo. Mas isso é verdade, para mostrar como eu era quando tinha 18 anos. Graças a Deus, a minha mãe, coitadinha, não vai ouvir isso que eu estou dizendo, porque senão ela ficaria com vergonha...
Quando tinha 18 anos, eu, um homem francês, inteligente, com um espírito cartesiano disse: “Ó minha inteligência, como será a mulher da minha vida?” Comecei a pensar como seria o físico dela. Então, isso tudo para fazer um robô, um retrato daquela mulher que eu deveria encontrar. E eu procurava nas revistas, e quando eu encontrava o rosto de uma mulher que me agradava, eu cortava o rosto e no final do ano, eu teria 80 fotos; e aí eu fui procurando que rosto me agradava mais. Aí fui separando os olhos, o nariz, a boca, então, eu fui deixando assim de lado, cinco ou seis narizes, olhos... boca, que me agradavam, que eu achava que seria bonito na minha mulher.
O problema, é que eu tinha escolhido cinco ou seis, mas eu só poderia encontrar uma! Porque uma mulher só tem um nariz. Então, depois de muito refletir, cheguei a uma conclusão e encontrei o meu nariz preferido, o olho preferido, a boca preferida etc. E aí, eu fui montando, aí eu colei, e isso se tornou como um robô, um modelo. O resultado disso foi um desastre! Simplesmente essa mulher se tornou um monstro! Graças a Deus, a minha esposa, Eveline, não se parece nada com esse desenho que eu fiz. Vocês estão vendo? Isso não era justo.
Essa é a couraça da justiça. Não era a melhor maneira de agir! Deus não age assim. Então, coloquem sempre a couraça, e coloquem esse funil do coração no sentido coreto, senão todas as histórias de amor que vocês viverão serão loucuras. As meninas que estão sonhando com o Leonardo de Caprio, e os rapazes com uma atriz famosa. O demônio sempre age assim.
A terceira arma para permanecer fervoroso é o capacete da esperança! A esperança é viver hoje, fazer o que eu tenho de fazer hoje, mas olhando como Deus. Olhando para o tempo em que estaremos todos reunidos no Paraíso; nós nos reconheceremos! Vocês me dirão em português: “Ó Dudu, eu estou tão feliz de você estar aqui. Você chegou quando?” E eu vou entender tudo! E vou dizer: “Ah! Você é aquele que estava lá na décima fila e que estava dormindo?” E eu vou perguntar: “E o que foi que você gravou dessa palestra?” Aí ele vai dizer: “Eu me lembrei de que devia ficar de joelhos e com o “funil para cima”! E aí durante a Missa eu me coloquei de joelhos e coloquei esse funil no bom sentido”.
E eu vou dizer: “Foi tudo o que você ouviu? E você evangelizou lá no ônibus?”. “Ah não! Porque eu era o motorista, não dava!”. “E você estava usando uma cruz? Não? E a Bíblia você está lendo?” “Eu não! Mas de joelhos eu fiquei”. E é isso mesmo, vocês vão estar no céu comigo. E nós lá vamos nos confraternizar, vamos cantar Shalom! A Virgem Maria vai ficar conosco.
É assim que a evangelização acontece. Vocês vão falar disso para outras pessoas. Vocês vão dizer para um amigo daqui a pouco: “Eu não entendi bem o que ele estava dizendo, mas eu ri bastante. E esse amigo pode ser tocado, pode ser que ele vá à Missa todos os domingos, todos os dias, e talvez ele se torne o pai do Cardeal de Fortaleza em 2080. E nós todos estaremos lá no céu. Então, São Pedro vai dizer: “Senhor Jesus, eu vou te apresentar agora o Cardeal de Fortaleza”. E este vai dizer: “Estou aqui no céu graças a um senhor que foi tocado pelo que disse outro senhor, que estava lá atrás numa reunião do Shalom.” Aí, Jesus vai dizer: “Ah! O Shalom!” E vai dizer para São Pedro: “Faça entrar toda a Comunidade Shalom!”
Então, isso é a Parresia, isso é a Comunhão dos Santos, isso é o Tesouro da Igreja Católica. Então, o Capacete da Esperança é que me faz capaz de ver como Deus. É melhor do que um capacete de vídeo, daquele vídeo game.
O escudo agora! Ele faz o mesmo feito do colete à prova de bala que os policiais americanos usam. É a Fé! Que gênero, de que tipo de fé estou falando? É crer que, qualquer coisa que aconteça, Deus está aí. Nada pode me separar do amor de Deus. O garotinho que fica aqui nas costas do pai, que é campeão de box, não tem medo de nada. Ele tem fé no seu pai.
Fonte: Revista Shalom Maná
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