segunda-feira, 9 de julho de 2012

Superar o orgulho humano: Anunciar Cristo



Entrevista com o cardeal Jorge Urosa, arcebispo de Caracas

Por Jose Antonio Varela Vidal

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 06 de julho de 2012(ZENIT.org) – Nestes dias o Conselho dos Cardeais encarregado de tratar dos assuntos econômicos da Santa Sé, esteve reunido para receber informações sobre a situação financeira do Vaticano. Dentre os presentes estava o cardeal Jorge Urosa, arcebispo de Caracas, que conversou com ZENIT sobre este importante encontro e os desafios pastorais e políticos de seu país.

O que trouxe o senhor a Roma?

Card.Urosa: Vim para a reunião do Conselho dos Cardeais para os assuntos administrativos e econômicos da Santa Sé. Tivemos um encontro muito intenso com a participação de quinze cardeais, com ótimas informações sobre o andamento dos assuntos do Vaticano. Estou muito satisfeito com este encontro.

Se o senhor está satisfeito com as informações recebidas, então, podemos ficar tranquilos...

Card.Urosa: As contas vão bem, com altos e baixos, mas felizmente existe uma boa atitude para o controle, a precisão, de uma administração justa que leva em conta o caráter diria até sagrado dos fundos administrados. Aprecio muito o trabalho seja da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica, seja do Governo e da Prefeitura do Vaticano. Além disso, é uma grande cortesia do Vaticano convocar este encontro e pedir a nossa opinião. Podemos dizer que as coisas estão andando bem, em meio a uma crise econômica global, por mérito da competência e da dedicação de quem está à frente destas instituições.

Qual é o seu parecer sobre a carta do Papa ratificando sua confiança ao Cardeal Bertone?

Card.Urosa: Acredito que seja muito importante, pois é uma demonstração de apoio e confiança do Santo Padre ao Cardeal Secretário de Estado, em meio às vozes que especulavam sobre isto, buscando prejudicar o andamento interno da Santa Sé, e que consideramos absolutamente infundadas.

Parece prejudicar também o andamento externo, não?

Card.Urosa: Eu já expressei minha solidariedade ao Papa e ao Vaticano. Acredito que querem afetar a credibilidade e a imagem da Igreja, mas graças a Deus as coisas estão andando bem. É evidente que são especulações sem fundamento, que buscam denegrir a reputação da Igreja em um mundo movido pela inveja e por desejos que não correspondem ao que é a real experiência de comunhão eclesial da Santa Sé.

Olhando para a Venezuela, qual é a maior preocupação hoje?

Card.Urosa: Estamos preocupados com a tendência ao secularismo, ao consumismo, ao hedonismo, ao materialismo e ao relativismo presente sobretudo no mundo ocidental e que estão atacando a vida de fé. Pensamos que, os esforços do Santo Padre de proclamar o ano da fé e da nova evangelização, dão um novo impulso a esta tarefa essencial para a Igreja, especialmente para os bispos e sacerdotes.
É necessário enfrentar com muito entusiasmo o desafio de anunciar Jesus Cristo ao mundo como o verdadeiro Salvador, porque a salvação não vem do dinheiro, do sexo ou do poder, nem menos do orgulho humano, mas de Deus que enviou Seu único Filho para nos dar as respostas justas aos questionamentos da existência humana: quem é o homem, para onde vamos, o que é a felicidade?

Os bispos da América Latina tiveram algum progresso depois de Aparecida?

Card.Urosa: Estamos muito comprometidos com a Nova Evangelização desde quando o papa João Paulo II lançou o desafio em 1983, e depois com a iniciativa de Aparecida de lançar uma missão evangelizadora continental.
Os bispos da Venezuela acolheram estas iniciativas com muita força e estão trabalhando especificamente em cada diocese. Dedicamos três anos, em Caracas, em uma intensa evangelização da Missão Continental; como resultado desta atividade preparamos um novo plano pastoral conjunto que lançaremos até o final do ano. 

Estamos trabalhando dramente nesta linha porque percebemos uma realidade que nos interpela sobre a problemática já citada do secularismo e, em Caracas particularmente, com o problema da escassez de sacerdotes, que faz com que muitas pessoas– mesmo batizadas – não conheçam Jesus Cristo ou não conheçam bem a sua fé.

Existe uma realidade crescente em muitos países latino americanos que é a “Santeria”. O que é preciso fazer?

Card.Urosa: A “Santeria” é uma resposta ao desejo de Deus das pessoas que não tiveram contato com o Evangelho de Cristo. Nestes últimos anos, na Venezuela, verificou-se um forte crescimento de tal realidade, exatamente por causa da falta de conhecimento da fé.

A resposta para este fenômeno deve ser apresentar Jesus como nosso Salvador, o único capaz de satisfazer as exigências e questionamentos que o ser humano tem no próprio coração. A “Santeria” irá parar de crescer quando realizarmos nosso trabalho de evangelização.

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